quinta-feira, 22 de maio de 2014

Toxic Baby


- Hoje absorvi alguns octilfenóis,  um pouco de bisfenol A e um pouco de almíscares artificiais.  Ajude-me, por favor.
ASS.  Seu Bebê.

Eu e você temos hoje de 30000 a 50000 químicos a mais em nossos corpos do que tinham os nossos avós. E, sendo mães, é importante termos consciência de que muitos deles estão associados à incidência de doenças crônicas na infância como obesidade infantil, puberdade precoce e autismo.

Precisamos saber que o conservante mais utilizado nos produtos de higiene para bebê imita o estrogênio quando entra no corpo humano, e que foram encontrados resquícios desse conservante em tumores de câncer de mama.

Precisamos saber também que um plastificante muito utilizado na produção de mamadeiras e chupetas é um estrogênio tão potente, que é realmente considerado estrogênio sintético para tratamento de reposição hormonal.

E não é só depois de nascerem que as nossas crianças passam a ser expostas a toda essa química.  Embora seja a maior “invenção” dos mamíferos, a nossa pobre placenta não possui um controle de entrada muito eficiente, de forma que alguns desses compostos a atravessam atingindo o feto.

A Atrazina, contaminante numero 1 de águas subterrâneas, água potável e água de chuva, está entre os químicos com essa capacidade, e os seus efeitos no organismo são preocupantes. Estudos com ratas prenhas demonstraram que o desequilíbrio hormonal gerado pela Atrazina causa aborto e problemas nas próstatas ou mamas dos filhotes que sobrevivem.

Outro estudo, publicado em 2010 pela Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que esse herbicida pode ainda mudar o sexo de rãs. Expostos a quantidades baixíssimas desse composto, sapos geneticamente machos tornaram-se inteiramente fêmeas adquirindo inclusive a capacidade de botar ovos. Isso acontece, segundo a pesquisa, porque a Atrazina ativa uma enzima chamada Aromastase, que converte testosterona em estrogênio, processo semelhante ao que ocorre no câncer que mais atinge as mulheres: o câncer de mama.

O engraçado é que, para solucionar esse problema, a indústria lança no mercado um composto que bloqueia a ação da Aromastase. Ou seja: em vez de prevenir o processo abolindo a utilização dos químicos que o provocam, jogamos mais e mais substâncias no planeta desconhecendo os seus efeitos sobre ele e sobre nós.

E é incrível como apesar de todas as evidências da ligação entre o homem e o meio que o cerca, muitas pessoas ainda tratam essa questão de forma secundária. Abrem a torneira de casa e sentem-se senhores do meio ambiente, e não parte dele.

Nesse contexto em que muito se fala e pouco se faz em relação à preservação da natureza, acho válido voltarmos a atenção para esse nosso ambiente interno: o útero. Ele será o “ecossistema” dos nossos filhos ao longo de várias semanas.  A questão ambiental, portanto, não envolve apenas ativistas em um barquinho salvando baleias. Essa discussão é também sobre as nossas crianças, os nossos bebês intoxicados.

Vi aqui.

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