sexta-feira, 19 de setembro de 2014

8 Práticas Inovadoras em Educação

Para proporcionar um desenvolvimento verdadeiramente pleno à cria é preciso pensar fora da caixinha.

Acreditando que essa quebra de paradigma é possível e depende da gente para acontecer, compartilho hoje um documentário excelente sobre formas alternativas de educação:

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Criação de filhos e emancipação: o que suas escolhas têm a ver com isso?



Segue abaixo texto da Ligia Moreira Sena sobre educação. Agradeço à minha querida amiga Luciana Chaves por tê-lo compartilhado comigo. Como ela disse pra mim, é de abalar as estruturas. Dá uma olhada:



Eu era uma partidária daquele discurso que diz que criar crianças com amor, presença, empatia e consciência crítica é a chave mestra para mudar o futuro, para termos sociedades mais conscientes, mais atuantes social e politicamente, para promover a mudança de paradigma tão desejada, necessária e urgente.

Não penso mais assim. 

Não acho mais que, destinando mais atenção, problematização e questionamento à criação das nossas crianças – filhos/filhas ou alunos/alunas – teremos um mundo melhor no futuro

Não é isso que tenho visto. Não é isso o que tenho observado. 

E como não estou no futuro, não posso dizer que isso de fato não vá acontecer lá, no porvir – e me faltam tempos verbais adequados. Estou no presente. E o que tenho visto, ainda que isso pareça a alguns como um devaneio simplório, é a mudança agora, já, no presente

No aqui e no agora. 

Uma mudança dura, difícil, geradora de angústias, de ainda mais angústias, de dúvidas, de ainda mais dúvidas. 

E esse sentimento frequentemente presente de que “está muito difícil criar filhas e filhos” é também o que me dá essa sensação de mudança do presente. Porque para muitos, criar filhas e filhos é coisa muito simples e muito fácil. É colocar no mundo, alimentar, vestir, escolarizar e deu. Tá no mundo, é do mundo. E esse negócio de teorizar, refletir, problematizar é coisa de desocupado, de quem tá com a vida ganha, e eu tenho mais o que fazer, porque os meninos vão crescer de qualquer jeito, comigo ou na rua. 

Então, se para tantos “está muito difícil criar filhas e filhos”... Opa, que bom! Se para tantos há dúvidas infindáveis sobre alimentação, educação, limites, permissividade, autoritarismo, qualidade do vínculo, qualidade do lazer, qualidade do tempo que se passa junto, opa! Coisa boa! Há problematização nesse caminho.
A facilidade esconde o inimigo. A facilidade é a mãe da mercantilização. Madrinha dos valores de consumo. Tia-avó da artificialização da vida. Genitora da coisificação do mundo. E das pessoas.

A forma como muitas pessoas estão criando seus filhos, fazendo escolhas contra-hegemônicas, desafiando o conceito mercadológico de vida atual, desacelerando, readequando, ou ressignificando o tempo que têm com seus filhos e filhas, fazendo escolhas não muito comuns, não muito convencionais, não muito divulgadas, não apoiadas pela indústria cultural, tem me mostrado que não será preciso aguardar o enrugar do meu rosto ou a chegada do platinado dos cabelos para ver a mudança. Ainda que seja no infinito ao meu redor, ou na imensidão dos contatos virtuais, estou vendo a mudança

Estou vendo a não aceitação daquilo que nos oprimia – e que oprime ainda. A recusa do pensamento colonizador. A fúria contra o pensamento abissal. A quebra dos limites geográficos entre opressores e oprimidos. Estou vendo mulheres que se empoderaram enormemente por terem se tornado mães. Estou vendo homens operando, ainda que em pequeno grau, a revolução do homem - e não do macho. Estou vendo a diversidade sexual ganhar todos os espaços. E a resistência a isso ser quebrada com muito bom argumento, com muito bom enfrentamento. Estou vendo a educação ser problematizada, as salas de aula serem questionadas, grupos organizados enfrentando grandes corporações contra a manipulação das crianças como peças no jogo feroz e injusto do consumo, industriais e licenciadores de suas marcas apelando a argumentos débeis por falta de verdadeira problematização. Estou vendo o solidário vencer o competitivo. O artesanal botar medo no industrial. O que tinha medos infinitos, lutar contra todos eles. O bullying ser problematizado e orientar ações de arte. A violência tornar-se explícita em função do violentado sentir-se forte para soltar a sua voz. O doméstico conquistar espaço que antes era do corporativo.

Sim. Acho que estamos em um novo tempo. E acho que grande parte das dificuldades que tantos têm afirmado viver nos tempos atuais é fruto da crise que acompanha toda revolução de sociedades. Nenhuma sociedade pode mudar seus valores sem superar crises ou pontos de inflexão – ou de mutação...

Credito isso a uma maior consciência geral. A um esforço coletivo de problematização e enfrentamento.

E, também, às escolhas que muitos de nós têm feito inspirados pelo fato nada simples de: criar novos seres humanos.

Quais são os eventos capazes de mudar profundamente nossos valores e nossas vidas? A morte de alguém muito amado. A notícia de uma doença grave. A cura dessa doença. Uma perda importante. E um nascimento.

Nascimentos mudam gente. Todos os dias. E embora não mude a todos, muda muitos. E têm mudado cada vez mais. O avanço da luta pela humanização da saúde, especialmente da humanização do nascimento, tem ajudado a impulsionar uma grande transformação de valores. De valores que ajudam a tornear talvez a mais importante transformação individual e coletiva: a transformação EMANCIPATÓRIA.

Emancipar é tornar livre. É tornar independente.

Especialmente, tornar-se livre e independente dos valores esmagadores do consumo, da tecnocratização do cuidado, da coisificação da vida e do ser, da maquinização do viver, da patologização do normal, da medicalização dos afetos, da normalização da vida, da padronização da mulher e do homem.

Emancipar é um conceito que abraça o filosófico, as questões de gênero e a dimensão política. Mas que em última análise traz consigo um grande valor: ser livre. Libertar-se.

Muitos educadores de mentalidade simplista chamam a educação de ato verdadeiramente emancipatório. Não é

Educar não é obrigatória ou necessariamente emancipar. Deveria ser. Mas não tem sido.
A educação baseada em normas, padrões e exclusão que temos hoje não é emancipatória. É doutrinária. É baseada em moldes. E serve a um fim muito claro: manter a roda do consumo girando, manter em movimento a engrenagem mercantil, substituindo o sentir pelo comprar, o acolher pelo excluir, o cooperar pelo competir, o pleno desenvolvimento humano pela meritocracia. A escola com mais alunos no ranking da federal. A escola com mais atividades extracurriculares, de forma que você só veja seu bebê de 2 anos durante 4 horas por dia. A escola trilíngue que desenvolve o córtex pré-frontal do bebê.

Educação emancipatória é crítica. É problematizadora. É desconfortável. Produz angústia. Sentimento de inadequação. Desencantamento do mundo. Gera perguntas. Mais do que respostas... Confronta. Revolta. E é tudo isso que impulsiona o ser à mudança. Sua também. Mas principalmente coletiva. É desse sentimento de inadequação e estranhamento que brota o engajamento social, o sentimento solidário, a noção de pertencimento ao coletivo. Deixamos de ser EU. Tornamo-nos NÓS. Não lutamos mais pela MINHA causa. Mas pela NOSSA. Ainda que os sujeitos contemplados no “nosso” ainda sejam  isso, sujeitos, e não pessoas já despertas.

Faz parte ser criticado. Faz parte querer desistir. Faz parte ser alvo. Faz parte. A resistência é feroz. E esse enfrentamento é a cereja do bolo da emancipação.

Não há emancipação individual. Ela só é real e verdadeira em seu elemento coletivo. Um que saia da média, da mediana, é apenas desvio padrão, diluído, anulado – por vezes retirado por sorteio... Mas muitos promovendo novos valores, novos números, são capazes de alterar os valores de centro da curva. 
Pessoas que se enquadram cegamente no coletivo fazem de si mesmas meros objetos materiais, anulando-se como sujeitos dotados de motivação própria. Inclui-se aí a postura de tratar os outros como massa amorfa. Uma democracia não deve apenas funcionar, mas sobretudo trabalhar o seu conceito, e para isso exige pessoas emancipadas. Só é possível imaginar a verdadeira democracia como uma sociedade de emancipados”

Essa frase, de autoria de Theodor Adorno, filósofo alemão que, junto com Max Horkheimer, é autor da Dialética do Esclarecimento e criador do conceito de “indústria cultural”, diz tudo o que penso sobre a fundamental importância do papel crítico e contestatório que devemos ter enquanto mães, pais e cuidadores.

Não é possível que nos enquadremos cegamente no coletivo sem que comprometamos nossa própria autonomia – e a autonomia de nossos filhos.

Não é possível que aceitemos ser objetos materiais, manipulados por uma indústria e uma mídia inescrupulosa, sem comprometer a emancipação coletiva.

Não somos massa amorfa.

Somos agente de mudança.

De mudança dupla: porque somos seres dotados de razão e potência e porque geramos seres dotados de ainda mais potência, impulsionada por nossa própria.

Ainda chamando Adorno, esse grande filósofo, à conversa – que entrou em minha vida apenas agora, com 36 anos, nas disciplinas de teoria crítica que cursei neste segundo doutorado e que tanta contribuição tem oferecido ao meu desenvolvimento pessoal e à criação de minha filha – a primeira infância não é apenas um momento de passagem para a maturidade. Não. Adorno afirma que é neste período de tenra idade que o ser sofre grande pressão para a constituição de seu caráter.

Assim, que influência têm sobre a formação de uma criança as escolhas que você, como mãe, pai e cuidador, faz? Qual a sua responsabilidade, como ser detentor do poder de escolha daquilo que outro ser irá viver, sobre a formação social, política, emocional e emancipatória das nossas crianças? A falta de reflexão crítica sobre as escolhas que você faz não estaria contribuindo para a coisificação das crianças sob seus cuidados? Inserir as crianças no mundo dos iguais, da norma, dos que não contestam, dos que aceitam, dos que se subjugam e caminham em silêncio tal qual rebanho, não as tornaria iguais a coisas? E, assim coisificadas, não passariam a ver seus semelhantes também como coisas? Segundo Adorno, sim. 

No começo as pessoas deste tipo se tornam por assim dizer iguais a coisas. Em seguida, na medida em que o conseguem, tornam os outros iguais a coisas”. (Adorno)

Quando você aceita o artificial, o mecânico, o industrial, o mercantil, como desejável, o que é que você está fazendo, com você, com seus filhos, com a sociedade? Quando você sobrepõe os valores de consumo aos valores humanistas, o que é que você está fazendo? Você desenvolve uma consciência coisificada. Substitui a reflexão pela idolatria. A objetos, a técnicas, a procedimentos, à industrialização.


É por isso que é muito mais fácil aceitar o artificial ao natural. O cheio de corantes e flavorizantes ao puro. A técnica invasiva ao procedimento integrativo. O complemento ao leite produzido pelo peito. Os objetos às ideias. O centro cirúrgico à sala de parto. A escola com ênfase no currículo à escola com ênfase no humano. A língua inglesa à educação emocional. O brinquedo com sirene aos pés de lata. A televisão ao ralado no joelho. A bala sabor melão-tangerina à ameixa apanhada do pé. O shopping ao parque. O remédio à participação ativa. A técnica de adestramento do sono ao colo-cantiga-embalo. O tomate que brilha ao tomate tortinho com pintinhas pretas. O tablet ao giz de cera. O embalador que balança automaticamente ao colo dançado. E tantos, tantos, tantos outros exemplos que passam batido por nós, no automático da vida, e que refletem o fetichismo da técnica – expressão de Adorno. 

Sabe o que essas escolhas refletem e promovem, de acordo com esse tão sábio filósofo?

Uma total incapacidade de amar...

Incapacidade de amar nossa própria condição. Incapacidade de nos amarmos enquanto humanos. Não mecânicos, não técnicos. Humanos, demasiado humanos - outro filósofo...

É também por isso que essa sociedade doente passou a não aceitar mais as tristezas. Tão comuns, tão humanas. É por isso que essa sociedade doente não acolhe mais, e condena tantos e tantas à morte solitária, muitas vezes auto-induzida. É por isso que essa sociedade doente medica a expressão criativa das crianças. Porque, se não funcionamos tal e qual as máquinas alvos de nossos fetiches, então estamos com defeito. E é preciso consertar...

Não acolher. Não entender. Não ser solidário.

Apenas consertar.

Então, por fim, pergunto: quanto há de emancipatório em nossas escolhas? Quanto há de emancipatório em nossos valores? Quanto há de emancipatório na vida que levamos? Não nessa vida ensaiada e embelezada pelas redes sociais, cujo desenrolar acontece em esquetes tornados vivos mediante um botão de “publicar”. Mas a vida que levamos dentro de nossas casas, nossos quartos, nossos pensamentos, nossas ações, nossa práxis.

Quanto há de emancipatório nisso?

Quanto há de emancipatório nos valores e práticas que ensinamos aos nossos filhos e filhas?

Quanto?

Há?


Vi aqui.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Mãe cria mundo surreal para filha doente



“Minha filha é minha musa e meu coração, que me inspira a seguir minha paixão e compartilhar estas fotos  e artes digitais com vocês”

Holly Springs

O mundo encantado a seguir foi criado por Holly Spring para sua filha, que nasceu sem a mão esquerda e com uma síndrome chamada Doença de Hirschsorung. Nas fotos é possível ver que apesar das restrições de saúde (a doença causa obstrução intestinal e aumento do cólon), a pequena irradia beleza e alegria. Isso só reforça o que disse certa vez "um tal de" Sartre: "não importa o que a vida fez de você, mas o que você faz com o que a vida fez de você." Problemas existem na vida de todo mundo, mas a forma como lidamos com eles é uma escolha de cada um. Parabéns para essa mãe que viu arte, luz, cor e limonada nos limões que muitos estariam lamentando "azedamente" por aí.













segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Quem Manda Aqui? - Laboratório Hacker


Desde que somos apenas um brotinho, nossos pais já têm mil planos e ambições para nós. Acontece que pai e mãe, na prática, não decide nada por ninguém, mesmo que as crianças cresçam sem noção alguma sobre poder e liberdade de escolha. Pensando nisso, o grupo do Laboratório Hacker vai criar um livro infantil focado em política, o "Quem Manda Aqui", primeiro volume de uma série de livros com o tema.

O livro, voltado para crianças de 5 a 7 anos, vai traduzir em imagens e poucas palavras conceitos como Monarquia, Ditadura, Democracia, Desígnio Divino e Meritocracia, além de falar sobre formas de decisão como Voto e Consenso. Segundo um dos idealizadores do projeto, Pedro Markun, o livro colaborativo terá ainda a participação das próprias crianças para ser elaborado.



Serão quatro oficinas em diferentes regiões de São Paulo dedicadas a ideias de pais e filhos que participarão como autores. Na obra, personagens e situações serão representados em linguagens visuais como colagem, pintura, desenho, material utilizado posteriormente na produção editorial.

Entre os outros projetos bacanas já realizados por eles, Pedro citou alguns: “faz um tempo que a gente vem explorando atividades para o público infantil que tentem explicar ou provocar uma reflexão política. A oficina de ‘Como fazer um projeto de lei?’ transforma as crianças em legisladores e coloca elas para pensar em soluções para problemas da cidade – que a gente escreve em forma de lei e encaminha para a Câmara Municipal”.



E por quê escolher as crianças? Pedro contou que os adultos têm dificuldades para visualizar soluções criativas, presos na realidade. “As crianças não têm essa limitação e são sempre capazes de imaginar outros futuros possíveis”, pontuou.

O projeto do livro arrecadou R$ 12.987 via financiamento coletivo, valor dedicado totalmente à causa e aos seus colaboradores, profissionais que serão remunerados. A obra infantil será publicada com Licença Livre (CC-BY) e ficará disponível gratuitamente para download. 


O trabalho do Laboratório Hacker é composto por um grupo de hackers, ativistas, desenvolvedores, advogados, palhaços e acadêmicos que buscam novas maneiras de fazer política a partir das tecnologias digitais. O espaço esta aberto das 14h as 20hs para quem quiser aparecer, na rua Alfredo Maia, 506 – próximo ao metrô Armênia.

Entenda mais um pouquinho:


Vi aqui.


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Você é bela na pele em que está


"Seu corpo é uma obra-prima e merece ser elogiado por toda a humanidade! Você é belíssima, e se seu corpo muda um pouco ou muito após o parto, celebre a mudança! É uma honra com que milhares de outras mulheres não podem fazer mais que sonhar. Relaxe em sua perfeição e seja gentil com você mesma. Ser mãe já é um desafio suficiente, sem desprezarmos nosso corpo belo e poderoso"

Jade Beall

"Você é bela na pele em que está."

Essa é a mensagem que a fotógrafa Jade Beall quer transmitir às mulheres através do seu livro "The Bodies of Mohter - A Beautiful Body Project" ("Os Corpos de Mães – Um Projeto de Corpo Belo"). Ela, que sempre se sentiu incomodada com a própria aparência, explica como engravidar e parir seu filho Sequoia a ajudou a enxergar seu corpo com olhos mais amorosos. 

O trabalho é muito bonito e resume a mensagem fundamental de Beall: em um mundo que precisa desesperadamente de líderes dotados de compaixão, precisamos celebrar nossos irmãos e irmãs de todos os formatos, estilos e filosofias – começando por nós mesmos.

Dá uma olhada:


















Abaixo segue vídeo em inglês sobre o projeto:


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

10 coisas que quero dizer aos meus filhos antes que eles fiquem cool demais pra me ouvir

Texto lindo escrito pela Kate Bartolotta para a cria. São algumas das coisas que quero falar pra minha filha também:
Minha filha completa 10 anos esta semana, e, pensando nisso, duas coisas me ocorreram:
>> Como é que fui parar com uma filha de 10 anos? Será que algum adulto de verdade vai aparecer no pedaço para me ajudar?
>> Há tantas coisas que quero dizer a ela - antes que ela chegue ao segundo grau e fique cool demais para me dar ouvidos.
Estas são dez coisas que quero dizer a ela e ao irmãozinho dela antes que eu passe de repente de Mamãe, aquela que sabe tudo, para Mãe, aquela que não entende nada, nada mesmo.
1. "No final vai ficar tudo bem. Se não ficar tudo bem, não será o fim do mundo."
Acredito realmente, do fundo do meu coração, no que disse John Lennon. Passamos por momentos difíceis, e você passará por momentos muito difíceis sozinha - mas vale a pena. Esses momentos constroem seu caráter e a ensinam a ter compaixão. Hoje, vejo que algumas das melhores coisas de minha vida nasceram de coisas que foram muito sofridas quando eu estava passando por elas. Portanto, quando as coisas lhe parecem impossíveis, ou quando você sentir que nunca mais vai sair do buraco ou ficar bem de novo, saiba que um dia você vai olhar para trás para tudo isso e ficar espantada. Vai ficar tudo bem.
2. A questão toda das drogas e do álcool na realidade não diz respeito a drogas e álcool.
Você vai querer experimentar coisas; eu entendo isso. A maioria de nós experimenta alguma coisa, quer seja pedir um cigarro de um amigo que você acha mais cool que você, ficar de porre numa festa ou fumar um baseado porque parece que todo mundo menos você está fumando. Mas tudo isso é apenas mais uma maneira de não estar presente. Na realidade, estar presente, ter consciência do que está acontecendo de verdade, é o máximo. E quando você procura a bebida ou drogas (ou comida, ou compras ou qualquer outra coisa) numa tentativa de fugir daquele sentimento de não ser cool, o sentimento não desaparece. Mais dia, menos dia você vai ter que lidar com ele, e a vida vai ficando cada vez mais bacana quando você encara esse problema de frente. (Aparte: se as coisas saírem do controle e você não souber o que fazer, ligue para mim. Se ficar sem graça de me telefonar, ligue para seu tio Charles.)
3. Entenda o que é que você gosta e mergulhe fundo nisso.
Se você passar sua vida tentando definir-se a partir do que outras pessoas gostam, vai ficar infeliz. Experimente as coisas, experimente tudo. Veja o que é que faz você ouvir música em sua cabeça e faz seu coração bater mais forte, e então vá fundo nessa coisa. Descubra tudo o que puder sobre essa coisa. Procure outras pessoas que curtam a mesma coisa. Se você perder tempo fazendo de conta que gosta de uma coisa "X" só porque pessoas que você acha bacanas gostam dessa coisa, vai acabar com as pessoas erradas em sua vida. Ame o que você ama de verdade e seja você mesma. Você acabará cercada por pessoas que combinam com você.
4. Não tenha medo de errar.
Sempre gostei desta frase de Neil Gaiman:
"Se você está cometendo erros, então está fazendo coisas novas, experimentando coisas novas, aprendendo, vivendo, ampliando seus limites, transformando seu mundo."
Não podemos criar nada de valioso sem cometer algum engano. Seja uma pintura, um relacionamento, uma carreira profissional, uma vida - sempre vamos pisar na bola. Se você esperar até saber tudo antes de tentar se lançar uma coisa, vai passar a vida esperando. Eu ainda não sei tudo, mas vivo tentando. Os erros não são fracassos - é errando que aprendemos.
5. Você merece respeito.
Você merece respeito de mim, de seu pai, seus amigos, seus professores - de todo o mundo em sua vida. A melhor maneira de ser respeitada pelos outros é você mesma se respeitar. Fale com clareza e com a cabeça erguida. Defenda aquilo em que acredita. Faça as escolhas que lhe parecem certas. E, se alguém em sua vida a estiver tratando com desrespeito, exija que mude. Se isso não mudar, limite o tempo e a influência que essa pessoa tem em sua vida. Precisamos de pessoas em nossa vida que nos contestam e discordam de nós, para aprendermos a ouvir pontos de vista diferentes. Mas não precisamos ser constantemente arrasados por pessoas que não nos respeitam.
6. A primeira pessoa que chamar sua atenção não será "A Pessoa" de sua vida.
E provavelmente a segunda também não o será, nem a terceira, nem a quarta. Sabe por que? Porque "A Pessoa" é você mesma. O amor não é algo que está aí fora e que outra pessoa pode lhe dar. É algo que já está dentro de você. É aquela parte dourada de cada um de nós que nos faz vibrar. Alguns dos melhores momentos da vida acontecem quando criamos uma conexão real com outra pessoa e compartilhamos com ela o amor que temos dentro de nós. Mas nunca se esqueça de primeiro amar a você mesma. Quando você começa por amar e respeitar a si mesma, dar amor aos outros passa a ser infinitamente melhor. Você vai encontrar muita gente incrível em sua vida, e espero que pelo menos uma vez na vida encontre alguém com quem dividir aquele amor, alguém com quem criar uma parceria de verdade. Antes disso, apaixone-se por sua própria vida, porque ninguém mais poderá fazer isso por você.
7. A paixão é maravilhosa e não é a mesma coisa que o amor.
Transar com alguém que você ama é uma coisa maravilhosa. Mas não é a única coisa. Você vai trocar primeiros beijos que sentirá no corpo inteiro, até a ponta do dedão, e vai pensar "Meu Deus, eu amo esse cara", mas... na realidade, o que você amou foi o beijo. Você vai ver alguém e sentir algo que parece um amor de cinema, mas na realidade é apenas química fenomenal. Você vai explorar esta parte da vida com pessoas que não estarão nessa para o longo prazo, e isso não é mau. A vida é uma série de histórias, e o modo como nossas histórias se cruzam é fascinante. Às vezes, elas só se cruzam por um capítulo da história. É preciso uma pessoa corajosa para saber quando aquele capítulo terminou e deixar que ele termine sem traumas.
8. A gentileza sempre é uma resposta apropriada.
Quando você for adulta, vai esquecer muitas das coisas que pareciam tão importantes quando você estava no colégio e faculdade. Não vai mais lembrar de sua média de notas. Vai olhar para seus antigos colegas de classe no Facebook e tentar lembrar por que diabos você tinha uma queda por aquele cara. Vai olhar para as fotos antigas e rir daquele penteado que usava. Mas nunca vai se esquecer das pessoas que foram realmente gentis com você, que a ajudaram quando você estava magoada, que a amaram, mesmo quando você não se sentia digna de ser amada. Seja essa pessoa com seus amigos. 
9. Eu não tenho todas as respostas, mas estou sempre pronta para ouvir.
Hoje, você e seu irmão pensam que eu tenho todas as respostas. Sei que essa fase está chegando muito perto de acabar, mas de certo modo fico feliz com isso. Uma das maiores dádivas que meus pais me deram foi a sabedoria deles, mas eles me mostraram que os adultos não ficam parados: eles continuam a crescer. Continuam a aprender. Quando descobrem que uma maneira de fazer uma coisa não funciona, se reerguem e tentam outra. A maturidade real significa saber abrir mão do que não funciona e ser aberta a tentar outra coisa. Vocês vão cometer seus próprios enganos e descobrir suas próprias respostas. E, enquanto estiverem tentando resolver as coisas, eu vou estar sempre aqui, pronta para ouvir.
10. Nunca é tarde demais para viver uma vida da qual você sinta orgulho.
Se você aprender uma coisa apenas comigo, que seja essa. A gente tem uma chance apenas de viver. Não há limite de idade para mudar de rumo na vida, e passar a vida vivendo de um jeito não autêntico é um trágico desperdício da vida. O escritor F. Scott Fitzgerald expressou isso melhor:

"Nunca é tarde demais, ou, em meu caso, cedo demais para ser quem você quer ser. Não existe limite de tempo: pare quando quiser. Você pode mudar ou pode permanecer igual - não existem regras para este tipo de coisa. Podemos aproveitar ao máximo ou estragar tudo. Espero que você aproveite ao máximo. E espero que você veja coisas que o surpreendam. Espero que sinta coisas que nunca antes sentiu. Espero que conheça pessoas com pontos de vista diferentes. Espero que viva uma vida da qual você sinta orgulho. Se descobrir que não o fez, espero que tenha a coragem de recomeçar tudo de novo."

Amo você. Vá cometer erros maravilhosos e apaixonar-se por sua vida.