Pezinho na Fita

Uma fita elástica presa entre duas árvores é o suporte para manobras e saltos. Este é o Slackline, técnica usada por montanhistas desde os anos 80 que se tornou popular como esporte de rua na última década. Você sabia que ele pode fazer bem não só ao corpo, mas também à cabecinha da sua cria?

Para o instrutor do esporte Antônio Moreira, o principal benefício do Slackline é o estímulo à concentração. Ele realiza trabalhos com crianças e afirma que no início elas não respeitam filas, querendo voltar imediatamente para a corda após cair. Depois de algum tempo elas ficam mais calmas, respeitam a ordem da fila e entendem a importância de se concentrar.

Pratico esse esporte como hobby com habilidade quase zero. Só consigo mesmo andar sobre a fita e fazer algumas coisinhas bem básicas, mas já é o suficiente para perceber que o equilíbrio só vem com a ajuda da mente. Nas vezes em que tive oportunidade de ver crianças começando a praticar, achei interessante observar como a afobação inicial vai sendo gradativamente substituída pela tranqüilidade necessária à concentração. Elas começam naquela agonia de conseguir andar logo, querem correr na fita para evitar a queda e, ao cair, já sobem de novo sem nem respirar. À medida que vão adquirindo intimidade com a corda elas vão percebendo que precisam respirar, olhar para a frente e deixar a mente controlar o corpo.

Além da concentração, o Slackline oferece ainda outros benefícios como consciência corporal, velocidade de reação, coordenação e, é claro, equilíbrio. Não há um consenso em relação à idade adequada para se começar a praticar. Alguns sites especializados recomendam que se inicie a partir dos 5 anos, mas já há aulas desse esporte para crianças de 2. A Maya teve contato com a slack antes mesmo de aprender a andar no chão. No começo era impossível. Mesmo estando segura pelos dois braços, o pezinho dela não encontrava a fita e ficava escorregando. Hoje, com quase 3, ela consegue caminhar segurando com uma mão só e até já se arrisca a dar uns pulinhos.

Slackline e Inclusão Social

Na Escola Elyseu Paglioli a "corda bamba" é usada como ferramenta pedagógica para a reabilitação de crianças com deficiência. O professor de educação física Mateus de Oliveira, especializado em psicomotricidade relacional, resolveu transformar o lazer em matéria de aula. Quando a fita é estendida na escola, são princípios como cooperação e socialização que falam mais alto: um segura o outro pela mão para ajudar no equilíbrio durante a travessia e cada um que chega no fim da linha recebe os aplausos dos colegas como reconhecimento.

Além dos benefícios instrumentais, como equilíbrio e consciência corporal, o esporte oferece a essas crianças o benefício estrutural pelo fato de estarem participando de uma atividade reconhecida socialmente. Elas adquirem auto-estima à medida que percebem-se capazes de superar desafios.

Para Começar

- Procure um solo adequado - preferencialmente areia ou grama - e confira se não tem caco de vidro ou alguma outra coisa que possa machucar.

- Estenda a fita na altura do joelho do seu filho e pergunte se ele quer apoio para subir. No começo é provável que ele sinta mais confiança se você segurá-lo por uma das mãos, mas com o tempo vai perceber que será mais fácil se manter na slack se ele já subir nela buscando o ponto de equilíbrio.

- Os braços devem estar abertos contrabalançando o peso do corpo e os olhos devem estar focados à frente, nunca na fita ou nos pés.

- Oriente-o a caminhar sem pressa, buscando o equilíbrio a cada passo.

- Praticantes experientes começam a desenvolver manobras, desde sentar ou deitar na corda até realizar saltos mais elaborados.

- Trata-se de uma atividade física, portanto, é importante estar com roupa adequada e fazer alongamento para evitar lesões, além de manter o corpo hidratado.

- Equilíbrio, concentração, resistência física e consciência corporal estão entre os principais benefícios do esporte. A musculatura auxiliar é a mais exigida, especialmente pernas e abdômen.

Olha a Maya dando uma de equilibrista:

Outras crianças praticando a arte de andar na corda bamba: