quinta-feira, 17 de julho de 2014

Imperdível! Sutiã com bojo para meninas de 2 anos!!




Estou até agora tentando entender qual a necessidade de sutiã com bojo para BEBÊS de 2 anos? Alguém me explica, por favor. Estamos mesmo perdendo a noção dos sentidos? Tá valendo tudo assim na cara dura em nome do lucro, das vendas ou sei mais la de quê? Código do Consumidor, ECA, Presidente da República, alguém, por favor, estabeleça um limite para o marketing!

Eu, que já andava angustiada com as conseqüências que o consumismo tem trazido aos adultos da nossa sociedade, agora me pergunto o que será das nossas crianças. Estamos perdendo gradativamente o contato com o simples à medida em que a criatura se transforma em criador. Inventamos a todo instante métodos para driblar a natureza e controlar o tempo. E para garantir que o consumo ocorra à mesma velocidade da produção, a mídia trata de determinar não só aquilo que se deve ter para parecer feliz, mas também como se deve ser. 
Nunca houve uma geração tão bonita. E nunca houve uma geração tão insegura, tão cheia de doenças na mente e feridas na alma. Basta retrocedermos à década de 90 e veremos que as personalidades consideradas sexy-simbols eram pessoas comuns, do tipo que se pode encontrar na rua. Hoje o que vemos são bonecas e robôs com movimentos mecânica e milimetricamente controlados. Corpos sarados e cuidadosamente re-criados. Sacrifica-se muitas vezes a própria saúde em prol de uma aparência saudável, a tecnologia é mais uma vez utilizada para disfarçar os detalhes que a luta contra a natureza não foi capaz de vencer, e o desespero se esconde atrás de sorrisos artificiais. Somos uma sociedade maquiada até a alma que luta para se esconder de si e dos outros. Simplesmente não podemos mais ser aceitos pelo que somos. Mas, e os nossos filhos? Tão pequenininhos. Não podem, pelo menos eles, serem o que são? Não podem as crianças serem apenas crianças? 

Acho engraçado que apesar de me ver quase sempre com a cara lavada (no ultimo casamento que fui, por exemplo, minha produção se resumiu a um lápis de olho e um brilho labiala Maya ADORA brincar com as maquiagens da minha vó. No começo eu não gostava, mas hoje, pra falar a verdade, até dou risada quando ela aparece com a cara toda zuada de batom. Percebi, aliviada, que não é uma tentativa precoce de parecer o que não é, mas apenas uma espécie de arte-lúdica-no-proprio-corpo. Enquanto for assim, acho que não tem problema. Mas confesso que não sei muito bem se serei capaz de distinguir quando deixar de ser uma coisa e passar a ser a outra.
Como bem disse a doula, educadora perinatal e cofundadora do Movimento Infância Livre de Consumismo Débora Diniz, “é normal as crianças quererem imitar os adultos, brincarem de “gente grande”, é normal desfilar com as roupas da mãe, do pai, brincar com as maquiagens, com a espuma de barbear, com o celular. O que não é normal é a indústria do consumo ver nisso um filão de mercado e comercializar para crianças produtos que não deveriam fazer parte de seu universo, investindo pesado em licenciados e publicidade. Não é normal uma agência de propaganda produzir imagens de crianças em poses totalmente inadequadas, incentivando a erotização.” 
NÃO É NORMAL! Então, quer trocar a sua alma pela “alma do negócio”, ok. Boas compras para você. Mas por favor, deixe as nossas crianças fora disso.

2 comentários:

  1. Essa semana, eu e meu marido estávamos pensando justamente sobre isso. A erotização infantil é absurda, as marcas colocam fotos de crianças com poses e produções, que poderiam facilmente compor um catálogo de pedofilia. Qual a necessidade disso? Nem sei se funciona tanto assim como marketing...

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    1. Pois é... E é difícil acreditar que seja simples falta de noção... Parece mais uma tentativa proposital de unir o mundo sexual ao infantil.

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