segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Super Mãe - É disso que os nossos filhos precisam?


Confesso: de super eu não tenho nada. Além de também ter amamentado a minha filha, a outra única semelhança entre eu e a Mamãe-Mulher-Maravilha da foto é o fato de vivermos mais no céu do que na terra. Sou libriana com ascendente em aquário e, embora esteja longe de me considerar uma pessoa esotérica, não posso negar que essa combinação de ar reflete bem a minha personalidade. Sou um ser humano aéreo. Vivo no meu próprio universo paralelo, que não sei onde fica nem de que forma me transporto para lá. É de repente, como que num passe de mágica, misteriosamente me percebo nessa outra dimensão. E quem convive com alguém assim – meu namorado que o diga! – sabe o transtorno constante que isso representa.

Quando a Maya nasceu a situação piorou um pouco. Triplicaram as minhas ocorrências de extravios, esquecimentos e pequenos desastres. Quando saíamos de casa toda a minha atenção se concentrava nela: não perca o bebê, não deixe o bebê cair, não esqueça a fralda do bebê. Eram tantas coisas para lembrar e já era difícil de mais para mim mantê-la segura. Deus sabe o esforço sobre-humano que eu fazia para não deixar que nada de ruim acontecesse. Fazendo uma retrospectiva, sinceramente não sei dizer como conseguimos chegar até aqui sem maiores problemas. Na verdade, sei sim. É porque o pai que a gente tem lá no céu é também uma mãe e graças a Ele, sobreviemos ao meu estado de transe permanente. Hoje as coisas melhoraram um pouquinho, mas ainda não posso dizer que sou a mais zelosa das mães. Um sapatinho perdido aqui, uma roupinha manchada ali, um brinquedinho que se quebra...

Vejo claramente que a Maya veio para, entre tantas outras coisas, me trazer um pouco para esse mundo. Sei que preciso mudar por ela. Preciso ensiná-la a fazer as coisas com atenção, a honrar compromissos e não deixar as pessoas esperando; a manter suas coisas minimamente organizadas e cuidar para que não se percam ou estraguem. Mas embora saiba que a melhor forma de ensinar é através do exemplo, entendo também que essa transformação não acontece de forma automática em mim. Não é como um botão que eu aperto para eliminar esse e tantos outros defeitos que tenho. É, ao contrário, um processo lento e constante. Se nunca fui uma pessoa perfeita, como poderia pretender ser uma mãe perfeita? E será que é disso mesmo que a minha filha precisa? Será que, em vez de procurar ser uma Super Mãe, não seria melhor me permitir ser humana diante daquela que mais me ensina sobre mim?

Filhos são dádivas de Deus. Eles representam sim a oportunidade de melhoramos como pessoa. Mas não acho que essa evolução deva decorrer de uma busca consciente pelo pedestal, da vontade de nos colocarmos na condição de perfeição em relação a eles. É na intensidade do encontro que crescemos. E essa intensidade só pode acontecer se nos permitimos trocar, se nos permitimos ensinar e aprender, se nos mostramos verdadeiros àqueles que mais amamos. Não quero que a Maya me idolatre, quero que me ame como eu sou, e que me ensine a ser melhor para ela. E da mesma forma que não me exijo ser a Super Mãe, não cobro dela que seja a Super Filha. Procuro não criar expectativas em relação a quem ela vai ser. Ela tem o caminho dela a seguir. Agradeço a oportunidade de fazer parte dele e por ela ter vindo me ajudar a trilhar o meu. Só me resta ser verdadeira nesse encontro, para que possamos caminhar juntas pelos bosques da vida.

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